Justa Causa: O Que Pode e o Que Não Pode Gerar Demissão com Justa Causa?
- advsaulocoutinho20
- 5 de nov. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 11 de dez. de 2024

A demissão por justa causa é um dos temas mais delicados nas relações trabalhistas. Quando ocorre, o trabalhador perde uma série de direitos, como o aviso prévio, a multa de 40% do FGTS e o seguro-desemprego. Porém, a justa causa só pode ser aplicada em situações específicas e, muitas vezes, ainda gera dúvidas sobre o que realmente pode ou não motivar esse tipo de desligamento.
Neste artigo, vamos explorar os principais motivos que justificam a demissão por justa causa, as práticas que são consideradas abusivas pelos empregadores e o que o trabalhador pode fazer caso se sinta injustiçado.
O Que é Demissão por Justa Causa?
A demissão por justa causa é o rompimento do contrato de trabalho motivado por uma conduta grave do empregado, que, de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), torna insustentável a manutenção do vínculo empregatício. Em outras palavras, o trabalhador é demitido por ter cometido uma falta considerada grave.
Essa forma de desligamento traz consequências financeiras severas para o empregado, que perde direitos como:
Aviso prévio;
Multa de 40% sobre o FGTS;
Férias proporcionais;
13º salário proporcional;
Liberação do FGTS e seguro-desemprego.
Por isso, a justa causa só deve ser aplicada em casos específicos e graves, onde o empregado não tenha demonstrado esforço para corrigir o comportamento inadequado.
Principais Motivos que Justificam a Justa Causa
A CLT estabelece algumas situações que, em tese, justificam a aplicação da justa causa. Entre as principais, destacam-se:
Insubordinação ou Indisciplina Recusa em cumprir ordens legítimas, o não atendimento às normas da empresa e comportamentos que desafiem a autoridade do empregador são alguns exemplos de insubordinação ou indisciplina.
Ato de Improbidade A improbidade se refere a atos de má-fé, como roubo, fraude ou uso indevido de bens e recursos da empresa. É um dos motivos mais comuns para a justa causa.
Abandono de Emprego A ausência injustificada do empregado por mais de 30 dias pode ser caracterizada como abandono de emprego. No entanto, a empresa deve tentar contatar o trabalhador antes de formalizar a demissão.
Embriaguez Durante o Expediente A embriaguez em serviço é considerada justa causa, uma vez que compromete o desempenho e a segurança do ambiente de trabalho. Essa regra se aplica tanto ao consumo de álcool quanto ao uso de drogas ilícitas.
Agressão Física ou Verbal A prática de agressão física ou verbal contra colegas de trabalho ou superiores pode resultar em demissão por justa causa. Isso inclui discussões acaloradas que ultrapassem o limite da civilidade.
Mau Desempenho Intencional O trabalhador que realiza suas tarefas de maneira intencionalmente inadequada ou negligente pode sofrer uma advertência e, em caso de reincidência, ser demitido por justa causa.
Práticas Consideradas Abusivas: Quando a Justa Causa Pode Ser Contestada:
Infelizmente, há casos em que empregadores utilizam a justa causa de maneira indevida ou abusiva, prejudicando o trabalhador sem uma justificativa real. Algumas práticas consideradas abusivas incluem:
Faltas isoladas e justificadas: a justa causa deve ser aplicada em situações graves e reincidentes, portanto, uma falta isolada e justificada não deve levar à demissão por justa causa.
Desempenho insuficiente: desempenho insuficiente ou falhas ocasionais nas atividades não caracterizam justa causa. O empregado deve receber advertências e ter chances de melhorar antes de ser demitido.
Motivos de ordem pessoal: divergências de opinião ou conflitos pessoais não são justificativas para a demissão por justa causa.
Caso o trabalhador acredite que foi demitido injustamente, ele pode contestar a decisão na Justiça do Trabalho, buscando a reversão para demissão sem justa causa e, assim, garantir os direitos perdidos.
O Que Fazer em Caso de Demissão por Justa Causa?
Se você foi demitido por justa causa e acredita que a decisão foi injusta ou abusiva, é importante buscar orientação com um advogado trabalhista. Ele pode ajudar a avaliar a situação, reunir provas, como testemunhas e documentos, e, se necessário, iniciar um processo para reverter a demissão.
Ao recorrer à Justiça do Trabalho, o profissional pode solicitar a revisão da justa causa, e, em alguns casos, o empregador pode ser condenado a pagar os direitos devidos ao trabalhador, além de indenizações por danos morais.
Conclusão
A justa causa é uma medida extrema e deve ser aplicada apenas em casos realmente graves. Conhecer os motivos que justificam essa decisão e os direitos que o trabalhador possui é essencial para garantir uma relação de trabalho justa e equilibrada. Se você passou por essa situação ou conhece alguém que foi demitido por justa causa injustamente, busque apoio jurídico para avaliar as melhores alternativas.
Com informação e orientação, é possível garantir os seus direitos e proteger seu futuro profissional.
Comments